Momento do JUIZ

Pergunta do Aluno

Iniciaremos pelo momento que exige do professor sensibilidade para “RECEBER informação do outro.”

Professor-internauta, ver e ouvir um aluno com dificuldades comunicacionais é um dos atos mais delicados do Ensino. O primeiro passo é fazer o corpo do interlocutor se sentir à vontade. A interação inicial, pois, não se dá através dos intelectos, das palavras. É prioritariamente corporal, não-verbal. Todo o seu ser, a começar pelo corpo, vale insistir, estará envolvido exclusivamente em VER e OUVIR, em “RECEBER a imagem e o som do outro” de modo pleno, isto é, sem interferir. Se o aluno estiver triste, receba a tristeza dele. Se está com uma roupa que o irrita, receba o modo como se veste. Se a voz é estridente, idem.

Acolher o outro dentro de si do jeito que o outro é, do jeito que o outro está, sem modificá-lo, é um desafio! E ninguém melhor do que o JUIZ IDEAL para lhe orientar na tarefa, afinal ele é o VIDENTE e OUVINTE com que todos os falantes sonham!

Vamos a algumas características não-verbais dessa figura simbólica.

Como o JUIZ IDEAL não presenciou o evento em julgamento (se foi um roubo, ele não estava lá), não tem nada de relevante a falar. O seu trabalho sensorial é VER e OUVIR o julgado! A constatação deste fato é que determina e organiza a sua linguagem corporal. Esta, por sua vez, envolve uma sequência e superposição de posturas e procedimentos. E todo este conjunto, acredite, apóia-se na prática corpo PARADO, na capacidade do professor imobilizar-se corporalmente. É a primeira postura, a base.

A ARTE DE IMOBILIZAR O CORPO

A expressão corpo “parado” (imóvel) deve ser entendida como paralisar a atividade muscular voluntária (a sobre a qual se tem controle), da cabeça aos pés, isto é, relaxar completamente o corpo. Equivale não apenas à parar de andar, como estender essa condição a todos os membros, inclusive ao diafragma, expirando o ar.

Num dos seus próximos momentos receptores em sala de aula, como por exemplo, ao ouvir a pergunta de um aluno, experimente praticar este novo “parar” e verificar o que ocorre. Com você, com o aluno, com a relação. Experimente concretizá-lo em momentos difíceis, como ao incentivar um aluno gago (ou portador de outra necessidade especial) a lhe fazer uma pergunta, e procurando detectar em sua face o “início do movimento”.

Este evento, “o nascimento do movimento”, só pode ser visualizado ao se paralisar o corpo. Tente concentrar-se no detalhe “o nascimento do movimento no outro”, algo em que o JUIZ IDEAL e o GATO são especialistas. Você sente uma sensação nova, diferente, uma espécie de ampliação sensorial?

O NASCIMENTO DO MOVIMENTO NO OUTRO

Professor-internauta, para uma prática corporal ser assimilada por você, em outras palavras, conscientizada, ela necessita não só ser sentida (vivida), como pensada (analisada).

A prática sentida e a prática pensada –> CONSCIENTIZAÇÃO!

Aprofunde o seu pensamento no JULGADOR IDEAL e conclua: essa figura simbólica executa, basicamente, dois trabalhos: “RECEBER informações do julgado” e “fazer ele as EMITIR”. De onde são dois os seus objetivos: atuar sobre si e sobre o outro. Quaisquer de suas práticas corporais devem satisfazer essa dupla necessidade.

Vejamos, por exemplo, a postura corpo “parado, imóvel”: inibindo a musculatura voluntária do receptor, inclusive a fonatória, ela facilita, por um lado, a ativação do seu aparelho audiovisual (é mais fácil ver e ouvir com o corpo parado, imóvel), e por outro, a que o interlocutor, por compensação, mobilize-se em imagem e som, emita mais informação. Essa postura, portanto, atua no próprio receptor e no emissor. Em ambos. Na relação.

AO UTILIZAR UMA PRÁTICA CORPORAL DOS MODELOS, VOCÊ AGE NO SEU CORPO E NO DO INTERLOCUTOR

Imagine um JUIZ vendo e ouvindo o julgado e ao mesmo tempo ANDANDO pela sala do tribunal. Uma incoerência, concorda?

Muitos alunos não gostam que o professor, ao ouvi-los fazer uma pergunta, ande pela sala de aula. Ao falar, eles querem ser ouvidos e também vistos e por isso desejam que o docente PARE à frente deles. Essa conduta, afora lhes dar a sensação de que o professor os está vendo e ouvindo, sugere que ele reconhece a relevância da mensagem do interlocutor.

DIANTE DE ALGO RELEVANTE, O CORPO PARA!

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