Momento Felino

A Conversa com o Supervisor

Iniciaremos pelo evento que exige do profissional serenidade para “RECEBER informação do outro”.

Muito provavelmente, o desconforto que invadiu seu corpo ao saber do acidente na linha de produção sob sua responsabilidade, afora ter aumentado seus batimentos cardíacos, o fez se erguer da cadeira e se comportar como um CACHORRO: caminhar pela sala de um lado para outro, a musculatura tensa, ansioso.

Ora, executivo-internauta, agindo dessa forma estará emitindo imagem e som e o momento é oposto, é para receber imagem e som do outro! Portanto, antes do supervisor que presenciou o acidente chegar à sua sala, inverta a postura: sente-se novamente, expire o ar dos pulmões e quando ele bater à porta, receba-o como um GATO, o corpo quieto, relaxado, apenas olhos e ouvidos ativados. Com este seu silêncio e desativação corpórea, o corpo do supervisor sentirá um vazio ao redor e em contraponto, tenderá a preenchê-lo, com informações tanto mais verdadeiras, quanto mais práticas RECEPTORAS/ FELINAS agregar ao corpo.

APENAS OLHOS E OUVIDOS ATIVADOS

Vamos investigar mais a fundo o evento em foco.

É fato notório que um “acidente grave” no currículo é um ponto de inflexão na carreira de qualquer profissional e seus efeitos só são amenizados quando do “relatório solicitado” pela chefia, constar não apenas a descrição dos fatores que o causaram, como também sugestões para que ele não mais ocorra. Convenhamos, para elaborar documento tão importante terá que obter informações objetivas e verídicas, o que não é simples, afinal, supervisores tendem a defender subordinados, encobrir velhos esquemas, florear fatos, afora evitarem aconselhamentos que impliquem em mudanças acentuadas.

Para começar a contornar estes problemas, apóie-se no modelo FELINO: após receber o supervisor com o corpo parado, imóvel (o que implica em fazer ele se mover até você / essa atitude inicial é essencial !), oculte-se, o que entre outras leituras significa: diminua a sua presença física à frente do outro. Para isso, distancie-se um pouco do interlocutor e em sequência contraia levemente o corpo. As providências de “se distanciar e contrair-se”, que constituem a essência da postura corpo OCULTO, farão o seu físico aparentar ao supervisor “ser menor do que é”.

Vamos pensar juntos: sendo exímio na arte de VER e OUVIR, o GATO se interessa em ver e ouvir a verdade ! É por isso que diante de alguém ou algo, a sua reação é “se diminuir de tamanho”. Se não agir dessa forma estará interferindo no observado, observando não mais o outro, mas o outro adicionado do efeito da sua presença, falseando a mensagem recebida.

O BUSCADOR DA VERDADE

Muitos executivos, diante de subordinados ardilosos, com a intenção de fazê-los falar a verdade, aproximam-se demais do interlocutor, movimentam as mãos, esticam os braços, atitudes que acionam no corpo do outro esquemas de defesa, o que dificulta a obtenção de informações verdadeiras. Observe o BICHANO: quando em relação, ele tende a ocupar o menor espaço, parecendo instintivamente saber que RECEBER é um se ausentar para que o outro entre.

Nos momentos “receptores de informação”, principalmente nos plenos, ative essa “ausência felina”, procurando também, vez ou outra, sair de sua poltrona e posicionar-se lateralmente, próximo à janela e paredes.

Ao vivenciar diante do supervisor o encolher dos FELINOS, ocultando-se, sinta o que ocorre com você, com ele, com a relação. E o faça a princípio sem explicações, sem questionamentos. Como um GATO. Puro instinto. Vivenciar não é analisar, saber os porquês. É simplesmente viver o fato, senti-lo.

À medida que se diminui de tamanho, contraindo-se, você se torna mais maleável, quebrável, perde aquela rigidez tão prejudicial ao ato de ouvir? Investigue o sentimento. Por acaso é de respeito e reverência diante da verdade que está por vir? De que adianta o intelecto dar importância à fala do interlocutor, se o corpo não acompanha.

Para se diminuir de tamanho, incline o rosto, dobre levemente o joelho e/ou deixe cair os ombros, mas sem exageros! É simplesmente um “dar a entender” ao outro que está cedendo espaço a ele. Lembre-se: gatos são discretos. Em imagem e som!

Executivo-internauta, a realização das práticas focalizadas o fará perceber que na interação `presencial´ existe uma relação entre corpos. É natural que de início, sua visão e audição provavelmente não estarão adaptadas para detectar essa categoria de fatos. Mas insista, porque a complementaridade (a “compensação” descrita na equação abaixo) é a base do ato comunicativo “ao vivo” e enquanto não for vivida, sentida, a sua comunicação interpessoal continuará superficial, ineficiente.

A EQUAÇÃO DO GATO

Vamos lá: quando numa “reunião de trabalho” (que seja, por exemplo, para obter informações importantes sobre um produto concorrente) ao ouvir o fornecedor de ambos, você diminui seu corpo de tamanho (isto é, se faz de GATO), a tendência do corpo do interlocutor é?

Para finalizar essa abordagem inicial do evento “A conversa com o supervisor” ( nas palestras, workshops e no texto `CÃES e GATOS na EMPRESA´ ela prossegue), imagine que o seu subordinado, ainda pouco à vontade, quase nada tenha lhe informado sobre o acidente. A sugestão da COMUNICAÇÃO SENSORIAL para desinibi-lo e “fazê-lo falar” é você incrementar a performance “FELINA”, adicionando às posturas corpo parado e oculto, gradualmente, outras práticas receptoras constantes do Quadro de Linguagens, como por exemplo, a visão para a parte:

Executivo, fite o supervisor como um GATO o faria: de parte em parte. Olhe primeiro para o olho direito dele, depois para o esquerdo, ou seja, “parta” o rosto do interlocutor em dois. Em seguida, mire uma das orelhas, depois a outra. Desça agora até o pescoço e após ligeira pausa, retorne ao rosto, fixando os olhos, por exemplo, na testa do supervisor. E prossiga sem pressa, o esquadrinhando, cortando.

O efeito desse gesto é quase instantâneo: ao seccionar com os olhos o elemento observado, este se sentirá “partido”, “cortado”, e em compensação fará um esforço para “reunir seus pedaços”. Ao fazê-lo, emitirá algum tipo de informação (reunião leva à emissão*), das não-verbais às verbais, as quais tenderão à ser tanto mais substanciais e verdadeiras, quanto mais sutil e felinamente você concretizar as práticas assinaladas. Experimente!

Se há séculos os FELINOS utilizam esse e outros truques para fazer seus interlocutores falarem a verdade, por que no seu caso será diferente?

* ex: a reunião de letras em palavras leva à emissão da idéia.

O GATO E O PÁSSARO

Você já se perguntou como um GATO consegue pegar um pássaro em pleno vôo? Vá até o jardim e observe.

Ao perceber o pardal, o bichano pára, se imobiliza e estende essa condição a todos os membros, das patas ao diafragma, relaxa. Até a respiração diminui o ritmo. Em seguida e calmamente, dá dois passos atrás e se agacha e para completar o quadro, seus olhos (e ouvidos) se atraem para tudo que no outro se movimenta, se diferencia. Com essa linguagem silenciosa ele faz o pássaro emitir informações e uma das que o pardal emite ao gato é sobre a direção do seu próximo passo!

– Imobilizar o corpo

– Ocultá-lo à frente do outro

– Olhar “partidoramente”

Imobilizar o corpo, ocultá-lo à frente do outro, olhar o interlocutor “partidoramente”, parecem à primeira vista tarefas `simples e fáceis´ e por este motivo o intelecto contemporâneo tende a rejeitá-las, afinal ele se atrai para o que lhe parece difícil e complexo.

Nesse sentido, um aviso: não dê ouvidos ao seu intelecto! De posturas corporais e suas influências nas mentais, ele pouco entende. É pura ciumeira!

vivência e análise das práticas corpóreo-sensoriais constantes do Quadro de Linguagens, levará o executivo-internauta a uma percepção cada vez mais acurada do corpo como poderoso instrumento de comunicação.

O PODER DO CORPO

Prosseguindo na verificação da utilidade da COMUNICAÇÃO SENSORIAL e seus modelos, no aprimoramento da performance comunicacional dos executivos, vamos ao evento-paradigma oposto.

Conheça mais sobre cada aplicação:

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