Momento do COMTE
AULA INAUGURAL
Professor-internauta, ver e ouvir um aluno com dificuldades comunicacionais é um dos atos mais delicados do Ensino. O primeiro passo é fazer o corpo do interlocutor se sentir à vontade. A interação inicial, pois, não se dá através dos intelectos, das palavras. É prioritariamente corporal, não-verbal. Todo o seu ser, a começar pelo corpo, vale insistir, estará envolvido exclusivamente em VER e OUVIR, em “RECEBER a imagem e o som do outro” de modo pleno, isto é, sem interferir. Se o aluno estiver triste, receba a tristeza dele. Se está com uma roupa que o irrita, receba o modo como se veste. Se a voz é estridente, idem.
Terminada a fala, a semente está plantada!
Vivencie essa alternância sensorial, procurando senti-la no seu íntimo. Ela lhe provoca uma sensação estranha? Por acaso lhe faz lembrar que tem um CORPO e que ele está presente na sala de aula? Na atual fase de primazia do intelecto, nos esquecemos disso.
Vamos prosseguir, explorando o cenário de uma batalha …
Professor–internauta, imagine-se soldado às vésperas de uma missão de guerra. Você recebe roupas, armas, munição e nada do “discurso do general”! Como se sentiria em tal situação? A História indica que um exército armado, sem o impulso motivador das palavras do COMTE, é de pouca utilidade.
Transplante-se para a sala de aula. Ao iniciar o ano letivo, os alunos recebem a sua munição (livros, computadores, relação de vídeos, etc). E da mesma forma que os soldados se alimentam do DISCURSO do COMTE para chegar à Vitória, os seus educandos necessitam do SOM motivador que os incentive a vencer a sua batalha.
NÃO HÁ CONQUISTA SEM SOM!
Diferentemente do JUIZ IDEAL, que ao sonorizar, o faz com a VOZ suave e pausada, “controlada pela audição”, o COMTE IDEAL tem a VOZ potente, assumida, não controlada pela audição: é o som sem medo de ser som!
O exposto não significa que você deva ter voz de barítono! O importante é o seu empenho em diferenciar com o corpo e a sua maneira os dois momentos:
O corpo da tropa captará o seu esforço!
Outra característica do momento-paradigma emissor.
Na aula INAUGURAL da sua disciplina, o professor-comunicador não pensa, não raciocina. Por incrível que pareça, é um momento de “irracionalidade”, em que você não deve abrir espaço para razão, análise. Razão significa “paralisação”, parada para pensar, e um momento emissor pleno, é puro movimento, puro corpo! Não é um evento movido à pensamento, mas a sentimento! O objetivo é emocionar. Dar vida ao que será pensado!
O MOMENTO EMISSOR PLENO É MOVIDO A SENTIMENTO
Vale martelar: nos momentos de plenitude emissora, não pense para falar! Assimile a importância, do ponto de vista comunicacional, de praticar este conselho ao pé da letra. O general exemplar tem prazer em expelir as palavras e portanto não presta atenção no que diz. Ele simplesmente fala! O discurso resulta atraente e saboroso de ser ouvido, porque o seu corpo se solta e as frases são emitidas sem vacilo, com vontade e garra.
A libido do SVO (o prazer na FALA)
EXPOR–SE também significa ser um pouco indiscreto. Tenha em mente que a interação em sala de aula não é uma questão de boas maneiras, mas de eficiência comunicacional. Nesse sentido, uma atitude diferente e até mesmo insólita, ajuda. Um deslize na etiqueta tem o efeito de “marcar presença”!
A LIÇÃO DO COMANDANTE
"Eu ofereço o meu corpo em imagem e som aos meus soldados, para que eles se esqueçam dos próprios".
Os corpos esquecidos – O CORPO LEMBRADO :
Será que a atitude teatral dos comandantes que fizeram história tem explicação, ou as suas vitórias foram simplesmente coincidências? A primeira opção é a mais sensata. Vamos às explicações. A psicológica: soldado sem corpo perde o medo, a etológica (sensorial): o corpo esquecido vê e ouve melhor (ele coça, tosse, se irrita, atrapalha a visão e audição).
Professor-internauta, nos seus próximos momentos de plenitude emissora na SALA DE AULA, como ao motivar os alunos para a beleza da sua disciplina, aplique a “lição do COMTE”.
Explore as possibilidades do seu corpo, a começar que ele é capaz de realizar posturas diferentes e opostas. A descoberta, apesar de óbvia, é fascinante!
PERGUNTA DE ALUNO ---------------- AULA INAUGURAL
O CORPO COMO LINGUAGEM
Evidente que as intensidades com que as posturas e os procedimentos corporais sugeridos são aplicados, depende do contexto que envolve a SALA DE AULA. Nos cursos preparatórios para o vestibular (os chamados “cursinhos”) alguns professores, para se fazerem vistos e ouvidos com mais facilidade, se dirigem aos alunos de cima das carteiras ou chegam a dar aula de guarda-chuva e galochas, atitudes que em escolas públicas ou particulares tradicionais, exigem um desempenho corporal mais ameno. O importante é que qualquer ambiente admite a sua criatividade.
QUALQUER AMBIENTE ADMITE A SUA CRIATIVIDADE
Em relação às características pessoais do docente, não há restrições. Para concretizar a postura corpo MANIFESTO o professor não precisa, conforme citado, ter voz de barítono, nem a altura de dois metros. O que importa é opor, a seu modo, as duas famílias de práticas, as receptoras das emissoras. É deste fato que nasce a LINGUAGEM!
As figuras simbólicas do JUIZ e do COMTE arquetípicos transformam o estudo das relações de oposição que ocorrem na comunicação não-verbal (corpo imóvel / móvel, oculto / manifesto, etc), de abstrato a concreto, de confuso a organizado, facilitando aos usuários avaliarem o seu próprio perfil sensorial.
Exemplo: quando em comunicação, você prefere “receber a imagem e som dos interlocutores” ou “emitir a própria imagem e som a eles”? Em qual dessas duplas atividades o seu corpo se sente mais à vontade? Vendo e ouvindo seus alunos (atuando como um JUIZ) ou se fazendo visto e ouvido por eles (atuando como um COMTE)? Ou ainda, em ambas?!
Caso se auto avalie do primeiro grupo, será interessante fortalecer o seu lado condutor, para isso exercitando com dedicação e profundidade a LINGUAGEM do SVO, em outras palavras, colocando-se na pele de um COMTE!